_ descarnar o ódio, quisera..._
anadeabrão merij
o poema vocifera em meus lábios
não há fuga possível, ainda que habite distâncias
a barbárie desperta palavras contidas com suas esporas
fere o verbo escondido com suas afiadas lanças
quisera esconder-me num lugar de nome bonito
a buscar outras rimas, saídas da terra, brotadas entre hibiscos e magnólias
não aqui, posto que a bestialidade do homem se avizinha a polir ossos do ódio
nos destinos de mércias e elisas, neste luto brutal de todas as horas
quisera a morada de outrora , quando debruçada sobre o nada
cantava encarnações de alegrias
a jorrar dilúvios de poesias alvejadas
num rio de inaugurar magias
sim,
o silêncio era ontem
não este que me acende agora
imundo de ódio
hoje...
o silêncio da morte é quem me acorda
nestes versos sujos de sangue
tecidos na revolta
quisera descarnar os corpos dos assassinos
alimentar seus cães com suas almas pérfidas
e,
sem piedade ouvir seus gritos
oh! deus quisera...
o teu cajado, o teu juízo, a tua mais forte ira :
-para justiça da dor destas meninas!
anadeabrão merij
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