LUGAR DA CORUJA
Há um lugar
onde os símbolos
e o espaço se contornam…
Onde para lá de segredos
homens se conformam com o fogo
que desce de Céus
e sobe a Infernos
queimando-me o pêlo
e fertilizando-me de penas
brancas
que destoam na noite…
De olhares fixos
em olhos entreabertos
pérfidos que vêem para lá
do ocaso deste dia…
Lugar impossível
na língua descritiva e humana,
passível de constar
na bíblia secreta das selvas…
Um pio…
que invade pensamentos
e nos faz olhar para trás
em caminhos que desconhecemos…
Migrações que se encontram
em Primaveras obscuras
e Outonos privados
amontoados de folhas vazias
mas plenas de histórias,
em que flores inocentes
apenas aparecem na morte
de um ser inanimado
destino que foi, da ganância
de um predador
que experimenta as minhas entranhas…
Num pecado silencioso
entre suaves sombras
e flores violentas
entre luzes que não sinto
e escuridão que nunca verei
numa encruzilhada sensorial
em uniões desapropriadas
com a natureza
de espinhos gastos
e espectros de pontes caídas
existe…
o lugar da coruja…
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