quinta-feira, 28 de julho de 2011

GENTE ENLUARADA
 NALDOVELHO
  Gente enluarada gosta de viajar nas funduras, tem mania de desentranhar coisas do seu e de muitos umbigos, e costuma ficar ruminando o silêncio até ter dele seus significados. Gente enluarada tem os olhos marejados pela nostalgia das escolhas que não foi capaz de fazer, da saudade que não consegue esconder e das madrugadas encharcadas de solidão e orvalho. Gente enluarada precisa conviver com as águas e traz nas mãos sementes de faz de conta, macera palavras noite e dia, só para poder contar histórias, embaraçar enredos, resgatar memórias. Gente enluarada costuma ter vida sofrida, mas consegue sempre sobreviver à ruína e de portas e janelas escancaradas constrói a cada dia um sonho, coisa mais linda de se ver.
                                                                As quatro estações
                                                               ( Neyde Noronha )
A Joia Sagrada esperava o Sol através de sua janela - Sentia-se a mais sagrada de todas. Aquela presença era oportuna, eles  encontravam-se e se perguntavam que luzes seriam aquelas de tantas cores, num só universo O universo do amor. Ao passar dos dias a luz de sua vida ansiava pela primavera. Era verão: Enquanto isso o Sol brilhava pelos cantos do mundo, o Sol aparecia aos encontros permanentes permeados de felicidade em perfeita união. No mesmo verão a Joia Sagrada já não mais seria a única: Muitas histórias eram contadas, muito se ouvia. Outras Joias esperavam de suas janelas com a certeza de que o mesmo Sol viria lhes beijar os corpos com profunda emoção. Antes do outono chegar surgiu inesperadamente a " Luz da minha vida" e ele se foi O último amor da Joia Sagrada já não mostrava o seu brilho ao olhar através da janela tão cheia de anseio com o mesmo fulgor que a invadia com brilho seu sorriso o seu coração. Em sua morada ele não mais foi visto e desacreditado pela chegada do Outono, sentiu que poderia viver melhor em outro lugar. "Vendeu os seus sonhos ou os trocou por outros." A Joia Sagrada nunca mais brilhou como antes. Quantos sonhos o Sol, que sempre procura mais alguém, talvez a Lua ou Afrodite buscou ou em seguida iria buscar? Vieram as manhãs primaveris, já não mais tão belas e a Joia Sagrada se transformou em uma linda rosa com ar de despedida que encanta com o brilho da verdade, certa de que aquele Sol não lhe aquece no próximo inverno. Ainda chora, com certeza e saudades daquele tempo que jamais voltará. Despede-se daquele amor, o último de sua vida e parte também, para algum lugar em despedida.

                                                                               *****

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Só...Contigo

(Neyde Noronha)


Quantas vezes chegaste
Quantas vezes foste embora
Deito-me na relva
tão verde quanto a minha esperança

Tanto desejo reviver
O som bonito que escutava
Vinha do portal da tua terra
Depois de longa viagem
Tempos idos,
perdidos de paixão.

Tanto desejo de reviver
A tua presença
Só...contigo!

Hoje, basta-me apenas
Alimentar a memória
Consolar a angústia de tua ausência
Nas lembranças que ficaram
Do meu amor por ti.

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segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Partida
(Neyde Noronha)

Doeu, em dose dupla
Coração Partido
Ilusão
Partida 

Saí de mim


                                                                  O dom da palavra
                                                                  (Neyde Noronha)
 Palavra é dom
 Castelo de areia
 Que se constrói
 Palavra não é solidão 
 É poeira, é vento e ação 
 Mutante, constrói castelos
 Derruba muros, acalenta sonhos
 Une e separa corações 

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        Não olhe para trás
  (Neyde Noronha)
 Na hora que sair
 Desligue a luz
 Feche a porta 
Não olhe para trás 
Quem quer partir 
Sente vontade 
De se esconder
 De não ser visto mais 
 Antes peça perdão 
 Agradeça a vida  
 Diga Adeus 
 Pela última vez 
 Não volta , nunca mais 

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Nada que faltasse
(Neyde Noronha)
 Nada que faltasse
 Talvez sonhasse demais
 E não via o grande espaço
 Cheio de vitórias
Regalos dos mais diversos
 Infinitas ofertas
 Os sonhos eram puros
Uma galeria de arte
 Um amor constante
Uma vida igual aquela
 Onde nada faltaria

 Assim se foram eles
Não vale correr atrás

 Sozinha
Nesta solidão

 Aonde ficaram os sonhos
 Não os encontro mais?
                                Pela última vez
                                                                    (Neyde Noronha)
 Sonhei que vi alguém
Me chamando, dizendo coisas
 Que nunca ouvi dizer
 Como há muito não sonhava 
 Pensei que este alguém 
 Calaria o meu choro 
 Que nada!
 Ainda acordada
 Sonhava! 
Tentei, pela segunda vez
 Ele nada dizia 
 Nada falava 

Acabava de matar o meu amor.
 Assustada
 Com a rejeição
 Jurei nunca mais nele pensar 
Tomou o rumo 
De sua misteriosa vivência
 Se foi Dizendo, obrigado 
Pela última vez

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Ecos do fim
(Neyde Noronha) 
 Tentei afastar em vão
 O pesadelo e a solidão 
 Ecos do passado
 Guardiões silenciosos
 Vigiam a paz 
 Que insisto em perseguir 
 O sonho se transforma em real
 Enquanto fantasmas vigilantes
 Dominam a noite Ecos de mim 
 Se esvaem em lágrimas 
 Pela saudade que deixaste
 Nunca mais! 
 Realidade cruel 
 Trouxe de volta a dor
 Ciladas e mentiras 
 Ecos de sentimentos
 Perfil jamais visto, Intrigas, sem fim.
 Som 
 Sinos 
 Olhar de minha'alma
 Mingua 
 Vítima oculta
 Em morte prematura
 Ecos do fim

domingo, 3 de julho de 2011

"Minha consciência é inconsciente de si mesma, por isso eu me obedeço cegamente.
(Clarice Lispector)



Agradeço aos assinantes deste blog os elogios e a leitura que tanto me previlegia e analtece. Com o meu especial carinho a todos o meu abr...